Esta coluna estava sendo escrita baseada em um texto de Edgar Morin, extraído do Portal Raizes, no qual o filósofo e sociólogo francês dizia que devemos favorecer os elementos que permitam uma vida poética, buscando o que nos faz florescer, o que nos faz amar e nos comunicar (grifo meu).
Meu texto foi bruscamente interrompido pelo assassinato de Marielle Franco, a combativa vereadora carioca pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Um ato brutal, covarde, criminoso, que levou sua vida e a do motorista que a conduzia, Anderson Pedro Gomes.
Quiseram calar a militante ativista de direitos humanos, de 38 anos.
Quiseram interromper sua carreira política e combativa em prol das mulheres, da luta contra o preconceito racial, dentre outras causas.
Quiseram impedir a cientista social e mestre em administração pública de denunciar a corrupção e a impunidade dentro da polícia carioca, dentre outras denúncias.
PARA MARIELLE
Por Sílvia Rocha
E agora, Brasil?
E agora, meu Rio?
A poesia que emerge
Tem gosto de fel
Tem revolta
Desânimo
Indignação
E agora, Brasil?
E agora, meu Rio?
Mas a poesia
O viver poético
O fazer poético
Respira vida e morte
Dá vida à vida
E vida à morte
E agora, Brasil?
E agora, meu Rio?
Os protestos se espalham
As cidades aderem
Marielle, Marielle!
O que eles querem?
Quiseram te calar
Quiseram nos calar
Quiseram a todos intimidar
Quiseram a todos ameaçar
Mas você não morre
Você é dura, Marielle
Nem você nem o Anderson
Baleados em um 14 de março
Do ano de 2018
E agora, Brasil?
E agora, meu Rio?
Fica sua marca
Seu rastro
Seu sangue
Sua vida
Sua morte
Sua sorte
Dentro de nós
E agora, Brasil?
E agora, meu Rio?
Marielle, sua luta
É a nossa luta
Não vamos desistir
Não vamos desanimar
Não vamos nos acovardar
Não vamos sossegar
Vamos encontrar os culpados
Vamos punir os culpados
Vamos seguir lutando
Pelo nosso Rio
Pelo nosso Brasil
É agora, Brasil!
É agora, meu Rio!
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