Para Eliete Linari Rodrigues
Bem-vindo, Dia de São Francisco de Assis, o santo padroeiro da Itália e o santo que considero praticamente uma unanimidade dentre tantos credos e tantas crenças seguidas pela humanidade.
(Ah! Quem já foi para Assis, na região da Umbria, na Itália, viu e sentiu um turismo diferente? Um turismo devocional respeitoso e mágico, multiétnico e efervescente que se instaura por suas ruas estreitas permeadas pela história e pelo sagrado? Ah! Eu vi! Eu vi e senti!)
Hoje também é um dia que está a três dias das eleições no Brasil. Na ordem, vamos escolher deputada ou deputado federal, deputado ou deputada estadual, senadora ou senador, governador ou governadora e presidenta ou presidente.
(- Não existe presidenta em português!, esbravejou meu amigo comigo, revisora de português que sou e ele sabe disto. Eu sei, eu sei, respondi! A ideia era tirar o gosto amargo da palavra, reinventar a linguagem e a história, ah!, por que não eleger outra mulher para nos representar no cargo máximo do Brasil? O Amyr Klink e eu tivemos a mesma ideia dia desses! rs)
E na desordem, vivemos o caos eleitoral. A ira, o ódio, todos os irmãos e todas as irmãs da cólera. A polarização que estamos vivendo. Famílias e amigos brigando, vínculos e relações se rompendo. Vi-me especialmente agradecida por estar iniciando a trilha do budismo tibetano e dos anjos essênios. Porque o exercício da tolerância e do respeito tem se feito necessário e tem surtido efeito em todos os embates e discussões cordiais que venho travando.
E onde está a poesia, além da oração que São Francisco nos deixou que me acompanha há quatro décadas, no mínimo?
Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
São Francisco de Assis, rogai por nós.
Amém.
A poesia está no aqui-agora.
A poesia está no dia a dia.
A poesia está nesta história que iniciou meu dia.
Há uma primavera, fiz um haikai [1] inspirada numa orquídea amarela que floresceu no meu jardim.
Infelizmente, a foto e o poema se perderam com a quebra do meu celular.
Nova primavera, nova chance.
Fotografei a orquídea, que novamente nos presenteou com suas flores e – surpresa – está ainda mais frondosa e exuberante!
(Hora de fazer novas poesias)
Comentando com uma aluna de minha oficina de haikais… ela… se lembrou do meu poema!
Ela se lembrou do poema que eu escrevi, perdi e dele me esqueci!
Ei-lo:
espanto na manhã
encanto na manhã
oh! orquídea!
E na antologia dos haikais escritos pelas alunas da minha oficina, na apresentação, coloquei este (porque havia “perdido” o outro):
tronco morto
surpresa em flor:
oh! orquídea!
E hoje, movida e comovida pelas lembranças, pelo santo da natureza, pelas eleições tão pertinho e tão sofridas, dois poemas aconteceram:
ah! orquídea
da minha foto perdida
nova primavera
mais exuberante
que na última primavera
orquídea amarela
[1] Haikai; hai-kai ou haicai: poema breve de origem japonesa, inspirado na natureza.
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